ENQUADRAMENTO TEóRICO



Segundo a UNESCO (1977)"A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação da comunidade no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sócio-política em que estão integrados".

O nosso projecto denominado por "Intervenção Social – ARPIC " enquadra-se na designação anteriormente referida, tendo uma matriz social com a qual se pretende corresponder às necessidades de uma comunidade específica.
Essas necessidades de ordem social reflectem-se, essencialmente, na falta de informação sobre assuntos essenciais para uma melhoria de qualidade de vida. Este projecto dirige-se à ARPIC, Associação de Reformados Pensionistas e Idosos do Crato, localizada geograficamente na Vila do Crato pertencente ao distrito de Portalegre.


O presente projecto divide – se em duas fases. Primeiramente, na parte da manhã, realizar-se-á um colóquio cujo tema é “A Actualidade”que assenta em três temáticas principais: economia, apoios sociais e saúde. Posteriormente, durante a tarde, iremos ter duas actividades distintas. A primeira de maior importância, ARPIC On-Line, onde os associados e a restante comunidade terão a possibilidade de ter uma interacção com as novas tecnologias com o intuito de se familiarizarem com a Internet, facilitando-lhes assim a sua vida diária, como por exemplo, visitar o site das Finanças ou do Ministério da Saúde e, para se manterem o mais actualizados possível, sites de noticiários diários e de actualização permanente. Esta actividade faz um ponto de ligação com o Colóquio “A Actualidade”, estando assim as duas contextualizadas, correspondendo às necessidades existentes na ARPIC, mas “ignoradas” pelos associados. A segunda actividade é uma actividade preferencial dos associados, ou seja, Jogos de Mesa (Cartas, Dominó, Damas e Xadrez), que decorrerá em simultâneo com a anterior para que não seja considerada de carácter obrigatório, mas sim opcional, fazendo assim com que os utentes se motivem e optem de forma liberal por praticar as duas actividades.
Por toda a envolvência do projecto consideramo-lo pertinente e adaptado às necessidades dos participantes perante a realidade actual.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

IMPLEMENTAÇÃO PRÁTICA E AVALIAÇÃO DO PROJECTO

Como foi planeado, o nosso projecto iniciou-se com o Colóquio "A Actualidade". Este, com uma adesão bastante positiva, introduziu-se com agradecimentos a todos os presentes, incluindo os elementos constituintes da mesa. De seguida, fizemos uma breve apresentação do grupo enquanto alunos da Escola Superior de Educação de Portalegre (ESEP) descrevendo, posteriormente, a totalidade projecto, mencionando os objectivos a corresponder com o mesmo.

Devido a factores exteriores às nossas competências, a ordem de comunicação foi alterada, passando assim, a Enfermeira Fernanda Massano do Centro de Saúde do Crato a primeira pessoa a intervir. Esta abordou, de uma forma geral, a importância destas iniciativas levadas a cabo por nós. Referiu também quais os cuidados básicos de saúde e a importância da constante realização dos mesmos.

A segunda comunicação foi realizada pelo Professor Miguel Serafim que abordou a actualidade na economia. Como introdução à sua intervenção o professor começou por se centrar no cenário macroeconómico mundial. Em seguida, apresentou a análise de indicadores entre a comparação da economia portuguesa com a economia da União Europeia, sendo esses indicadores: Crescimento do Produto Interno Bruto (PIB); Evolução do PIB per capita; Taxa de desemprego; Produtividade média do trabalho; Dívida pública. Posteriormente, abordou os principais problemas da economia portuguesa, finalizando com perspectivas futuras relativamente à Economia Nacional.

O colóquio foi finalizado pelos elementos provenientes da Segurança Social de Portalegre. A exposição do Animador Sociocultural António Ribeiro e da Técnica de Serviço Social Dora Ataíde, elucidou os associados da ARPIC sobre os apoios sociais a que têm direito, bem como os processos inerentes à sua aquisição. Em termos de apoios sociais, foi abordado o Complemento Solidário para Idosos (CSI), que muitos desconheciam, mostrando-se bastante interessados, pois trata-se de um apoio em dinheiro pago mensalmente aos idosos com poucos recursos.

Relativamente às restantes actividades, foi curioso apercebermo-nos que a nossa geração jamais passaria sem as novas tecnologias e, que para a geração dos nossos intervenientes é considerado "um bicho de sete cabeças",surgindo de imediato uma reacção por parte de um interveniente:
-" ai...isso!com as novas tecnologias somos todos analfabetos", ou seja, é uma ferramenta totalmente dispensável à sua vida quotidiana.

Como o projecto foi realizado com sucesso, a Direcção da ARPIC irá pôr de forma voluntaria uma notícia no Jornal da mesma com o feed-back deste dia diferente.


NOTA: O esclarecimento de dúvidas realizou-se ao longo de todo o Colóquio por opção dos intervenientes.



O QUE APRENDEMOS COM ESTA INTERVENÇÃO?

Após uma intensiva reflexão, entre variados itens enumaramos os mais relevantes:

- A promoção para um projecto deste género tem de ser mais pessoal, ou seja, afixar cartazes e esperar que se divulgue por si mesmo não é cem por cento eficaz. Apesar da adesão ter sido positiva, nesta faixa etária já se desconfia de tudo e tudo se recusa. É necessário dias antes à implementação nos disponibilizarmos a deslocar ao espaço e explicar pessoalmente aos intervenientes tudo, passo por passo, e, simultâneamente, dar-lhes liberdade para exporem as suas questões para que tudo fique claro.

- Sendo uma realidade completamente distinta da realidade dos idosos institucionalizados, por mais que pareça não o ser, consideramos que é mais complicado a implementação de actividades "inovadoras" a este tipo de intervenientes, porque ainda têm uma vida exterior que permite uma interacção com diversas pessoas e meios, tornando-os assim mais resistentes. O processo de Socialização ainda está bem vincado nas suas vidas, fazendo que sintam que não necessitam destas actividades. Contudo, como tudo o que desconhecemos recusamos, basta dar-lhes um pouco de espaço para lhes despertar o interesse, por exemplo, estavam alguns associados a ler um jornal desportivo porque não queriam nem participar nos Jogos de Mesa nem na actividade On-line, deixamo-los por breves instantes folhearem as primeiras páginas do jornal e, abrimos o link do jornal que liam, aproximamo-nos com conversas sobre do que tavam a ler e acabamos por ler o jornal todo on-line e ainda visionamos alguns vídeos de temas que nos foram pedindo e terminamos todos a jogar o dominó.

De uma forma geral, concluímos que apesar de oferecerem alguma resistência, através de uma avaliação discreta durante todo o dia efectuando algumas questões que nos permitiu saber que o projecto correspondeu aos objectivos e foi apreciado positivamente por diversas pessoas, entre elas, a própria Direcção da ARPIC, todos os elementos constituintes da mesa e diversos associados em conversas entre eles.